domingo, 12 de junho de 2011

Estou de volta.

Inspirar.

Um, dois…

Expirar.

Três, quatro..

Inspirar.


Dentro de água sinto a leveza do todo o ser, o alentar do corpo quando a respiração falha, o batimento cardíaco que aumenta, a vontade de viver, de vir ao de cima e inspirar, a vontade de expelir tudo o que há a mais numa, em duas ou três braçadas. Acelero o ritmo, sinto toda uma vida sob uma linha de água. Mergulho até ao fundo, fecho os olhos, estico os braços e entrego-me ao movimento das pernas, até onde me deixo. Venho ao de cima, e respiro toda a calma que um simples inspirar me oferece. Quero abrandar. Não consigo. Paro, debruço-me sobre os joelhos e vem ao de cima a fraqueza. Recuso-me. Conto mais uma dezena de piscinas. Agora sim… Deleito-me sobre a água e sou simpática para comigo mesma, desfruto do quão relaxante se torna reviver pedaços de vida a cada inspiração, matar pedaços de nada, pensar em hoje e no amanhã a cada braçada. O mundo ficou mudo para mim, só ouço o meu respirar, as vozes de quem a minha mente busca por uma ou outra razão, ou por razão alguma. Sinto a pressão da água do chuveiro na nuca e desperto, recupero os sentidos perdidos…ouço os gritos dos miúdos, os apitos das aulas de competição, vejo o movimento desenfreado de braços e pernas que tomam conta de uma única pista, olho o relógio e ganho noção do tempo. Estou de volta.