sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Under the weather


Parece que está na moda falar da chegada dos dias frios, do padrão multicolor das folhas que enfeitam as ruas ao sabor do vento gélido que já se sente nas manhãs e que nos deixa aquela estranha sensação de nariz congelado. Não vou ser excepção, vou falar deste tempo que nem a todos desperta o mesmo conforto.
Como diz Carlos Nobre, o melhor passeio nesta altura é entre o quarto e a sala. É desfrutar do calor de uma lareira, do conforto do sofá e dos mil e um sabores de chá. Eu, por minha vez, adoro passear debaixo da chuva " molha tolos", ouvir Diana Krall,sentir os pés gelados,observar a neve a instalar-se nas montanhas e planear jantares em casa.Quem não se sente bem em casa nesta altura?
Desfrutar de bons passeios na praia que nesta altura apenas é visitada pelos surfistas. Sair de uma sessão de cinema e desejar encontrar o carrinho que espalha o aroma a castanhas assadas pela cidade. Ou ansiar que haja uma gelataria com mil e um sabores de granizados, sabem muito melhor nesta altura.
As pessoas começam a ficar mais deprimidas, melancólicas e até entendem quando dizemos que não queremos sair de casa porque o "está a chover" se torna numa desculpa fantástica e ninguém se contrapõe.
Nós estudantes, enchemos os cafés ou as nossas casas nas jornadas de trabalhos e de estudo, porque confessemos... não há melhor altura para desfolhar resmas de folhas, e mesmo que seja a cadeira mais "secante"... lá fora está a chover ou um frio descomunal.
Não tarda nada e o espírito natálício, não o verdadeiro, o comercial, dá luz e beleza às nossas cidades.
As boas-vindas à época do ano mais doce!

domingo, 18 de outubro de 2009

Movimento cobardio

Reconhecem a sensação de parar no tempo e estar em território neutro, em faixa branca, em que tudo em redor se move aos nossos olhos em câmara lenta e grita em vozes surdas?

Ouvir e calar, Ver e não comentar, sentir e ser indiferente. Estar presente é,a meu ver, escutar, comentar, sorrir das dezenas de situações de que me apercebo de uma mera observação. Estar presente é proteger o que e quem gosto, semear sorrisos, plantar pontos de abrigo, fazer nascer a vontade de ouvir mesmo quando a vontade é oposta. Mas...se houvesse este tipo de eleições votaria em Movimento Cobardio por considerar que ser cobarde a estar presente é cada vez mais o futuro.

Reconhecem a sensação de não poder ser livre de expressão?

A probabilidade de haver um mal entendido aumenta cada vez que espontaneamente disparamos o que pensamos e não usamos o filtro que deveria existir bem atrás das nossas línguas. Acrescentando o facto de ser impossível viver num mundo de verdade. As pessoas adoram afirmar que preferem a verdade mas detestam ouvi-la e vivê-la.

Reconhecem a sensação de saber que poderíamos resolver um mal entendido mas simplesmente não queremos ser o primeiro a ceder culpas?

A isso chamamos orgulho. Perdemos pessoas por mero orgulho e não sabemos explicar o porquê de nos sentirmos amarrados a esse sentimento, embora arranjemos desculpas para o justificar.

Durante a nossa vida aprendemos milhares de coisas, mas ainda não aprendemos a viver com pessoas nem como pessoas.